No limite
Se tem uma coisa que não suporto é faltar o ballet. Mesmo que seja só um dia, geralmente é o suficiente para passar uma semana inteira sem aula, e quando retorno depois da ausência sinto como se estivesse há um mês sem ir, toda travada ou mais dispersa. Se for dia de ensaio é ainda pior, pois além de me prejudicar sinto que estou atrapalhando os outros bailarinos que dançam comigo e as professoras que estão montando e ensaiando a coreografia.
Em aula, janeiro 2024
Como trabalho em home office, meu ritual em dias de aula ao parar de trabalhar é fazer o coque (que em alguns dias não colabora!), comer, me vestir e sair. Tudo com o tempo bem contado para chegar na aula uns minutinhos antes de começar. Sei que comparado com outras rotinas isso é muita moleza, mas é corrido e muitas vezes depois de um dia de desgaste mental, possivelmente com dor de cabeça, tudo que quero é me jogar no sofá e assistir algo leve, ou só deitar e fechar os olhos.
Nesses dias mais difíceis, tento não pensar muito e só ir no embalo da rotina para não deixar de fazer aula. Nos meus mais de 4 anos de ballet, já aconteceu de ter feito aula mal, de estar sem concentração, de não querer interagir com ninguém, de sentir que meu corpo não quer responder e de não conseguir decorar as sequências. O que nunca aconteceu foi eu terminar a aula e pensar “era melhor ter ficado em casa”. Nunca me arrependi de ter ido. Mas confesso que ocasionalmente, por diversos fatores, a fadiga vai além do cansaço do dia a dia. Às vezes só de pensar em me arrumar para sair falta disposição.
Um dia desses me peguei pensando até que ponto devemos “fazer o esforço”. Em que momento temos que ouvir nosso corpo ou mente dizendo “hoje não”? Quando é a hora de dizer “dessa vez vou me dar folga”? Para mim é um pouco difícil entender que esse momento existe. Que você só está ouvindo seu corpo e respeitando seu limite. Que faltar aula um dia porque o cansaço venceu não é o fim do mundo, é só um entendimento de que qualquer pessoa tem seus dias ruins e isso não te faz gostar menos do ballet ou ser uma aluna pior.
Cansaço "do bom", pós aula
Na semana passada, pela primeira vez, faltei uma aula “por nada”. A aula tinha sido antecipada porque teríamos ensaio em seguida e eu teria que correr um pouco mais para dar tempo de chegar no horário. Eu já vinha há uns dias me sentindo sem energia, mas um lado meu pensava: “Vou faltar só por causa dessa preguiça? Só pode ser besteira minha”. Mesmo assim, dessa vez tomei a decisão de não ir para a aula e descansar, me organizar com calma e usar o que me restava de disposição para ir ao ensaio. Para minha surpresa, ao fim de tudo senti que tomei a decisão certa, aquele, para mim, não era um dia para aula + ensaio.
Em geral, o ballet é meu descanso mental, um refúgio que me deixa relaxada e feliz, e por isso normalmente não quero abrir mão desse momento por nada. Eu nunca fui uma pessoa com energia infinita, muitas vezes faço as coisas com preguiça mesmo porque sei que, quase sempre, o difícil é só sair de casa. O que estou tentando entender e aprender é como diferenciar entre o dia que só preciso de um empurrãozinho e o dia que preciso me dar uma folga. Isso vale tanto para o ballet como para outras coisas da vida. Certamente todo mundo de vez em quando precisa de um descanso, seja ele físico ou mental, todo mundo tem seu limite.
E você, passa por algo parecido, ou sempre tem disposição de sobra? Sente remorso quando decide faltar aula ou não pode ir? Sabe perceber e respeitar seu limite físico e mental? Me conta nos comentários!
1 comentário
Me sinto exatamente assim! Para mim, quando não estou em um dia bom o Ballet acaba sendo meu gás para enfrentar tudo que surgir.
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