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Plié e Prosa

Acho que toda bailarina iniciante se pergunta (ou pergunta à professora!) em quanto tempo estará usando sapatilhas de ponta. Talvez algumas que começaram no ballet já adultas acreditem que esse momento chegará em pouco tempo, por já ter o corpo formado, ou que esse dia nunca chegará, por parecer muito difícil. Comigo foi mais para o segundo caso, eu mal ousava pensar em subir nas pontas algum dia, me parecia fora de realidade para quem entrou no ballet tão tarde.
Em 2022, após 2 anos e meio de aulas regulares, eu estava no Festival de Dança de Joinville com o grupo do BFD e minha professora falou para dar uma olhada em sapatilhas de ponta, aproveitar o evento para fazer um fitting e de preferência já comprar uma para mim. Entendi que não seria para uso imediato, pois não tínhamos aulas com pontas na rotina do ballet adulto, mas ainda assim me surpreendi. Mal acreditei quando voltei do festival, totalmente surpresa, com minha primeira sapatilha de ponta.
No janeiro seguinte, recebemos a notícia de que abriria um horário de aula de ponta iniciante para a turma de adulto. A maioria das alunas já tinha usado pontas em algum momento da vida e estavam retornando, mas para mim era algo 100% novo, não sabia nem como costurar e amarrar as fitas. Com ajuda das amigas e do YouTube, preparei minhas sapatilhas e lá fui eu, ansiosa, viver aquele momento icônico na vida de uma bailarina.
Primeira aula nas pontas
Depois de tanto tabu que a gente vê sobre os castigados pés de bailarinas e a “tortura” que são as sapatilhas de ponta (por enquanto não vou entrar no mérito dessa questão), eu imaginava que meu primeiro contato seria sofrido, cheio de dores e dificuldades. Tenho certeza de que cada pessoa passa por uma experiência diferente ao subir nas pontas pela primeira vez. Existem mil fatores que influenciam em como vai ser esse momento, como a escolha de um modelo apropriado de sapatilhas, a preparação física da bailarina, o nível de fortalecimento, a formação óssea, a flexibilidade dos pés e tornozelos e até o fator psicológico. Hoje, sabendo de tudo isso, posso dizer que minha passagem para as pontas foi no momento apropriado (obrigada pelo cuidado, Dedé!), pois não só consegui subir bem nas pontas na primeira aula, como terminei a aula sem sentir dor.
De lá para cá já vivi diversos momentos nas pontas, troca de modelo de sapatilha, coreografia em espetáculo, dores, medos, evolução em aula, muitos novos conhecimentos. Descobri que as sapatilhas de ponta são um mundo a parte e que tem tanta coisa a se aprender sobre elas! Me encantei pelas pontas, não só por me sentir “mais bailarina” dançando nelas, mas por terem me trazido um novo leque de desafios e conhecimentos que eu nem imaginava. E assim foi o início de uma nova jornada que o ballet trouxe para minha vida.
Aula concluída com sucesso
Você usa sapatilhas de ponta? Como foi sua primeira experiência? Foi já depois de adulta? Me conta nos comentários!
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“O que uma programadora foi fazer em um curso de anatomia?”
Poderia ser o início de uma piada, mas essa fui eu, no Festival de Dança de Joinville. Quem tem contato mais próximo comigo sabe que, desde que comecei a dançar, cada dia dou um passo a mais em direção à imersão nesse mundo. Tenho muita curiosidade em aprender coisas que possam me ajudar a evoluir no ballet ou prevenir lesões (pois parece que elas me perseguem). Mas nunca imaginei que um dia eu, que nunca sequer gostei de biologia, faria um curso de anatomia por livre e espontânea vontade.
Quando foi divulgada a programação acadêmica do festival, verifiquei tudo que estava sendo oferecido, embora minha intenção fosse a mesma dos anos anteriores: aulas práticas de ballet adulto iniciante. Porém, quando meu olho bateu no nome Andreja Picon, sabia que tinha que fazer um dos cursos ministrados por ela. Eu já conhecia esse nome de referências de pesquisa e conhecimento no ballet, como poderia deixar passar uma oportunidade dessa? Me interessei pelos 3 cursos disponíveis, mas acabei me inscrevendo no de Anatomia Funcional para Bailarinos e Professores, pois achei que daria uma visão mais geral do corpo humano.
Cá para nós, depois de me inscrever a única coisa que eu pensava era “não acredito que vou fazer um curso de anatomia”. Cada dia me pego fazendo coisas que eu não imaginava por causa do ballet… Mas por que não? E quer saber de uma coisa? Ainda achei pouco apenas uma semana de curso para tudo que Andreja tem a oferecer.
Andreja Picon e seu auxiliar, Leo
No primeiro dia de aula passei por um pequeno perrengue. Meu voo chegou em Joinville às 8:25h e a aula começaria às 10:30h, no auditório da Casa da Cultura. Como o hotel que nos hospedamos fica a apenas 1km de lá, achei razoável fazer check-in e deixar a bagagem no hotel antes de ir para a aula, tinha tempo suficiente. O que eu sabia que não daria tempo, mesmo se fosse direto do aeroporto para o curso, seria enfrentar a fila para fazer meu credenciamento, que nos primeiros dias fica sempre quilométrica! Confiei que era o primeiro dia de festival e que muitas pessoas estão com o horário apertado com a chegada dos voos e, por isso, geralmente é liberado fazer aulas ainda sem o crachá de participante.
Eis que chego na Casa da Cultura, dou meu nome para a pessoa que estava verificando a entrada, ela confirma que meu nome está na lista de inscritos e diz que não posso entrar sem o crachá. Ainda tentei negociar, expliquei sobre o horário do voo, a fila quilométrica, mas ela disse que foi liberado apenas para os cursos das 8h. Sem querer perder mais tempo, fui correndo no Centreventos, a 400m de onde eu estava, numa leve chuva, para fazer o credenciamento do festival e pegar meu crachá de acesso aos eventos e aulas.
Como eu tinha previsto, a fila estava enorme! Mas nem pensei duas vezes, passei na frente de todo mundo e perguntei para a coordenadora se seria possível adiantar meu credenciamento pois minha aula começaria em 10 minutos e fui barrada na entrada. Ela me olhou surpresa e respondeu:
“E não deixaram você entrar??”
Fala sério! Ainda bem que ela foi compreensiva e saí de lá rapidinho com o bendito crachá, ainda passei no caminho para comprar um café pois tinha passado a noite em claro viajando, corri mais um pouco e cheguei na sala com apenas 5 minutos de atraso, sem maiores prejuízos pois a professora ainda estava esperando um pouco para o resto da turma chegar - "certamente outras pessoas que passaram pela mesma situação que eu", pensei.
Após apresentações no início da aula, me senti um pouco deslocada notando que praticamente toda a turma era composta por professoras de ballet e pessoas que já tem algum conhecimento maior na área. Dividi minha preocupação com a professora e ela me tranquilizou, garantindo que esse curso era sim para mim, uma aluna adulta que quer entender melhor seu corpo e movimentos. Por falar nela, Andreja é simplesmente incrível! Ela fez as aulas de anatomia serem interessantes e até divertidas, com seu jeito super leve e descontraído, mostrando muito domínio do que falava e explorando as aplicações e consequências na dança, que faz tudo se tornar mais atrativo. Nos deixou à vontade para falar, questionar, discordar, sempre com muita paciência e moldando as aulas às necessidades da turma. O tempo passou voando e quando percebi já estava no último dia de aulas.
Eu e Andreja
No fim das contas, me lamentei por não ter feito mais de um curso com ela, vai ficar para uma próxima oportunidade. De qualquer forma, fico feliz porque pude usufruir de mais uma experiência que o festival tem a oferecer: um curso teórico com uma professora e pesquisadora renomada no meio da dança. Qual será a próxima experiência inusitada? Joinville 2025 que me aguarde!
Quais cursos você já fez no festival? Já se pegou experimentando algo que nunca imaginou?
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Faltando exatos 30 dias para o 41° Festival de Dança de Joinville, resolvi contar como foi minha primeira experiência na Cidade da Dança. Eu nem conhecia o festival até 2022, quando um grupo do BFD estava se organizando para a viagem pois iriam se apresentar lá. Achei que seria uma experiência interessante acompanhá-las e ver de perto como é o evento. Acabei resolvendo tudo já próximo à viagem, então nem me envolvi muito no planejamento, só segui tudo que o grupo ia fazer e viajei sem saber muito o que esperar.
Chegando em Joinville a gente entende porque a cidade é conhecida como “Cidade da Dança”. Além de ser onde está sediada a única filial da Escola do Teatro Bolshoi fora da Rússia, durante as duas semanas do festival tudo respira dança. Desde decorações e anúncios do evento pela cidade, até palcos nos mais diversos locais onde acontecem apresentações de grupos de dança que vem de todo o Brasil para participar (inclusive o BFD, que se apresentou em 3 locais).
Teto de sapatilhas no Museu da Dança
A maioria das atividades do festival ocorre nos arredores do Centreventos Cau Hansen. Fizemos um tour pela Escola do Teatro Bolshoi, onde visitamos as salas de aula, salas de música, centro de preparo físico e até onde são feitos os figurinos, cada um mais lindo do que o outro! Também fomos nos bastidores do teatro, onde pudemos observar da coxia ensaios do festival e conhecer os camarins. Além disso, visitamos o Museu da Dança que, apesar de pequenininho, carrega a história do festival e da dança, com salas interativas e tour com uso de realidade aumentada.
Figurino do Bolshoi
A Feira da Sapatilha acontece durante os dias do festival e nela temos a oportunidade de conhecer lojas de todo o Brasil (e até algumas de fora), muitas trazendo novidades ou bons descontos. Algumas marcas que eu só conhecia de Instagram estavam lá, e outras que nunca tinha ouvido falar mas que passei a conhecer e apreciar. A feira é uma ótima chance para quem pretende comprar sapatilhas de ponta, pois várias lojas oferecem fitting e tem uma boa variedade de marcas e modelos concentradas no mesmo local. Eu mesma acabei comprando minha primeira ponta lá! Mas essa é uma história que vai ficar para outro momento. Ocasionalmente também nos deparamos com bailarinas conhecidas, como Luciana Sagioro e Claudia Mota, que foram para algum lançamento de marca ou que estão só curtindo o evento mesmo.
Na parede de sapatilhas da Só Dança
Uma das grandes vantagens de ir para o Festival é a programação didática. São oferecidos cursos de variados gêneros, teóricos ou práticos, para professores ou alunos, de diversos níveis e idades. Eu, que na época fazia aulas de ballet há 2 anos e meio, me matriculei em um curso para adultos iniciantes. Imaginem a minha surpresa quando descobri que as aulas aconteceriam em uma sala de aula do Bolshoi, com direito a pianista! Só por isso já teria valido a pena, mas não foi só isso que fez valer. Apesar de ter me sentido inibida em uma sala grande, cheia de pessoas desconhecidas, com uma professora que eu não estava acostumada, a experiência foi incrível. Percebi que nem todas as alunas eram iniciantes como eu, mas consegui acompanhar bem o nível das maravilhosas aulas da Vera Aragão, ex-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Percebi que é muito interessante fazer aula com outros professores, conhecer novos métodos, didáticas e pontos de vista, tudo ajuda a evoluir. Meu maior desafio foi o desgaste físico de 5 dias seguidos com 2 horas de aula por dia, bem diferente do meu costume. No último dia estava tão destruída que à noite não conseguia me sentir confortável nem sentada para assistir às apresentações, tive que ceder ao relaxante muscular para terminar o dia. Mas garanto: valeu - cada - minuto.
Fazendo aula na sala do Bolshoi
Por fim, não posso deixar de falar sobre as noites competitivas, o grande motivo de tudo isso existir. As apresentações acontecem todas as noites, divididas em categorias que competem entre si. Eu já tinha assistido alguns espetáculos de ballet profissional fora do Brasil, mas, sendo bem sincera, não tinha noção de que no Brasil tinha TANTOS dançarinos de padrão tão alto, vindo de toda parte. Fiquei encantada com as apresentações de ballet clássico de repertório, maravilhada com o neoclássico, empolgada com o jazz e incrédula com as danças urbanas. Completando com as danças populares brasileiras e internacionais, sapateado e dança contemporânea, é inegável que tem dança para todos os gostos. Além disso, em algumas noites acontecem espetáculos de companhias profissionais. Se achou que não podia ficar melhor, se enganou, né?
Fiquei apenas durante a primeira semana do festival, mas foram 7 dias nos quais fiz uma imersão no mundo da dança, assisti espetáculos, fiz aulas, aprendi histórias, conheci marcas, encontrei pessoas. Voltei para casa com o sentimento de que abri minha cabeça (e meu coração) para algo que nem sabia que existia e com apenas um desejo em mente: ano que vem quero voltar.
Você já conhece o Festival de Dança de Joinville? Pretende conhecer? Me conta nos comentários!
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Se tem uma coisa que não suporto é faltar o ballet. Mesmo que seja só um dia, geralmente é o suficiente para passar uma semana inteira sem aula, e quando retorno depois da ausência sinto como se estivesse há um mês sem ir, toda travada ou mais dispersa. Se for dia de ensaio é ainda pior, pois além de me prejudicar sinto que estou atrapalhando os outros bailarinos que dançam comigo e as professoras que estão montando e ensaiando a coreografia.
Em aula, janeiro 2024
Como trabalho em home office, meu ritual em dias de aula ao parar de trabalhar é fazer o coque (que em alguns dias não colabora!), comer, me vestir e sair. Tudo com o tempo bem contado para chegar na aula uns minutinhos antes de começar. Sei que comparado com outras rotinas isso é muita moleza, mas é corrido e muitas vezes depois de um dia de desgaste mental, possivelmente com dor de cabeça, tudo que quero é me jogar no sofá e assistir algo leve, ou só deitar e fechar os olhos.
Nesses dias mais difíceis, tento não pensar muito e só ir no embalo da rotina para não deixar de fazer aula. Nos meus mais de 4 anos de ballet, já aconteceu de ter feito aula mal, de estar sem concentração, de não querer interagir com ninguém, de sentir que meu corpo não quer responder e de não conseguir decorar as sequências. O que nunca aconteceu foi eu terminar a aula e pensar “era melhor ter ficado em casa”. Nunca me arrependi de ter ido. Mas confesso que ocasionalmente, por diversos fatores, a fadiga vai além do cansaço do dia a dia. Às vezes só de pensar em me arrumar para sair falta disposição.
Um dia desses me peguei pensando até que ponto devemos “fazer o esforço”. Em que momento temos que ouvir nosso corpo ou mente dizendo “hoje não”? Quando é a hora de dizer “dessa vez vou me dar folga”? Para mim é um pouco difícil entender que esse momento existe. Que você só está ouvindo seu corpo e respeitando seu limite. Que faltar aula um dia porque o cansaço venceu não é o fim do mundo, é só um entendimento de que qualquer pessoa tem seus dias ruins e isso não te faz gostar menos do ballet ou ser uma aluna pior.
Cansaço "do bom", pós aula
Na semana passada, pela primeira vez, faltei uma aula “por nada”. A aula tinha sido antecipada porque teríamos ensaio em seguida e eu teria que correr um pouco mais para dar tempo de chegar no horário. Eu já vinha há uns dias me sentindo sem energia, mas um lado meu pensava: “Vou faltar só por causa dessa preguiça? Só pode ser besteira minha”. Mesmo assim, dessa vez tomei a decisão de não ir para a aula e descansar, me organizar com calma e usar o que me restava de disposição para ir ao ensaio. Para minha surpresa, ao fim de tudo senti que tomei a decisão certa, aquele, para mim, não era um dia para aula + ensaio.
Em geral, o ballet é meu descanso mental, um refúgio que me deixa relaxada e feliz, e por isso normalmente não quero abrir mão desse momento por nada. Eu nunca fui uma pessoa com energia infinita, muitas vezes faço as coisas com preguiça mesmo porque sei que, quase sempre, o difícil é só sair de casa. O que estou tentando entender e aprender é como diferenciar entre o dia que só preciso de um empurrãozinho e o dia que preciso me dar uma folga. Isso vale tanto para o ballet como para outras coisas da vida. Certamente todo mundo de vez em quando precisa de um descanso, seja ele físico ou mental, todo mundo tem seu limite.
E você, passa por algo parecido, ou sempre tem disposição de sobra? Sente remorso quando decide faltar aula ou não pode ir? Sabe perceber e respeitar seu limite físico e mental? Me conta nos comentários!
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Não estava nos meus planos fazer dois textos seguidos sobre espetáculos, mas tivemos o evento em homenagem ao Dia da Mães na última quinta e acabou me inspirando, então lá vai!
Eu nem pretendia dançar nesse espetáculo. No BFD, geralmente são realizadas duas apresentações no primeiro semestre, de Dia das Mães e de São João, e no segundo semestre nos apresentamos no espetáculo de encerramento do ano, que é o maior deles. Nunca me arrisquei a participar dos primeiros, pois acho a preparação corrida, com cerca de um a dois meses de ensaios, sendo eu uma pessoa que gosta de se preparar bastaaante.
Ainda assim, esse ano eu estava decidida a dançar no São João, no nosso Sapatilhas no Forró, que é sempre tão divertido. A comemoração do Dia das Mães, na minha cabeça, sempre associei a algo mais infantil, ainda mais quando foi divulgado que esse ano a temática seria da Xuxa. Mas acabou se organizando uma coreografia da minha turma de adulto e eu não podia ficar de fora.
Espetáculo BFD 2024 em homenagem ao dia das mães
Acho interessante como cada espetáculo traz um sentimento diferente e uma história nova também. Pelo menos para mim, que ainda não sou muito experiente, tem sido assim. Com o tempo que tivemos de ensaio consegui aprender a coreografia de Milagre da Vida e tirar a maioria das minhas dúvidas dos detalhes de execução. Sim, eu sou “bailarina estudante”, fico revendo os vídeos dos ensaios, tentando perceber as minúcias, para depois tirar dúvidas com a professora. Precisei faltar dois ensaios por causa de uma viagem e isso me deixou doida. Fiquei pensando que foram dois dias onde eu poderia ter melhorado minha execução, me acertado melhor com o tempo da música e alinhado a sincronia com as outras bailarinas.
Até o momento da marcação de palco, no dia do espetáculo, ainda estavam surgindo pontos para esclarecer, então não tive tempo de repetir os passos várias vezes depois dos esclarecimentos, para deixá-los BEM marcados na minha cabeça. Além disso, tinha um attitude que eu não estava conseguindo executar bem, toda vez me desequilibrava nos ensaios. Depois da última marcação de palco fui até questionar minha professora porque ela me deixou fazendo essa parte da coreografia, que nem todas faziam, ainda por cima bem na fila da frente! Ela simplesmente respondeu “porque você consegue” e nem quis saber do meu leve surto.
Pois não tive dúvida, enquanto o espetáculo não começava e enquanto esperava a vez da minha coreografia entrar em cena, fiquei na área de concentração marcando os passos mil vezes e treinando o attitude. Consegui perceber o que estava me atrapalhando e passei a me equilibrar melhor. Esqueci vários passos durante as marcações, me preocupei, mas revisei novamente e confiei que a música e as outras bailarinas no palco ajudariam na lembrança.
Coreografia Milagre da Vida
A espera na coxia na primeira sessão é sempre mais tensa para mim, na segunda sessão eu já estava mais tranquila, só com aquela ansiedade pré-palco. E deu certo! Não esqueci de nada e consegui fazer o bendito attitude nas duas sessões sem desequilibrar. Cometi alguns erros? Sim, errei um braço aqui, um passo ali, mas terminei o espetáculo satisfeita porque mesmo tendo sido fora da minha zona de conforto consegui fazer meu melhor. Ainda me diverti dançando Xuxa e voltando à infância com um espetáculo lindo em homenagem às nossas "super fantásticas". Agora me sinto mais preparada para viver o Sapatilhas no Forró. Junho vem aí!
"Mãe, palavrinha mágica
Mãe, a super fantástica
Mãe, força e esperança
Mãe, que um dia foi criança
Mãe, não importa aonde for
Mãe, sem preconceito, raça ou cor
Mãe, todo filho já chamou
Mãe, é o simbolo do amor"
- Xuxa
Você já participou de um espetáculo com pouco tempo de preparação? Como foi a experiência? Me conta nos comentários!
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Depois que entrei no BFD, em 2020, passamos quase dois anos sem espetáculos devido à pandemia. Minha primeira oportunidade de participar de um foi no encerramento de 2021, que teve como tema “Encontro de Gerações”. Lembro que minha professora Déborah convidou todos da turma de adulto para dançar, mas a maioria das pessoas não desejava participar do espetáculo. Eu já tinha abandonado as aulas de dança duas vezes “fugindo” dessa movimentação, mas dessa vez algo estava diferente em mim. Surgiu a curiosidade de saber como me sentiria no palco, mas ao mesmo tempo me dava uma aflição ao pensar em me apresentar em público, ainda me sentindo tão verde para isso.
Claro que já passei por situações de “exposição” antes disso. Na minha infância, participava de competições de ginástica artística, que me deixavam um pouco nervosa, mas não muito. Também participei de um grupo de teatro no curso de inglês, onde tive algum contato com apresentações em palco, mas mal lembro como me sentia nas ocasiões. Na vida adulta, passei pelas eventuais necessidades de apresentar trabalhos e projetos em público, que é algo bem desconfortável para mim, falar em público não é algo que escolho fazer. Eu pensava em todas essas experiências passadas e me perguntava como seria dançar em frente a uma plateia.
Lembro como se fosse ontem, chamando Déborah no cantinho da sala após a aula e dividindo como me sentia. Ela, como sempre muito empática, não me pressionou a participar, mas me mostrou que eu só ia saber como seria experimentando. Ela garantiu que com meses de ensaios eu me sentiria mais confortável e segura, e me deu confiança de que tinha condições de acompanhar o grupo.
No espetáculo teriam duas coreografias para as turmas de adulto/iniciante, mas escolhi dançar apenas uma delas por precaução, Pretty Woman. Para complicar minha situação, quando começaram os ensaios eu estava fazendo um curso a noite que coincidia os horários e quase não conseguia ensaiar com o grupo todo. Mas fiz meu dever de casa, estudava todos os vídeos que mandavam, praticava quando e onde podia, sabia toda a coreografia. Na reta final, consegui me juntar mais vezes ao grupo e realmente me sentia cada dia mais segura. Apesar de não ter conseguido imergir tanto nos ensaios, curti bastante o processo. Acompanhar a criação e evolução das coreografias, o progresso de cada bailarina nelas e perceber que uma coreografia que parece desordenada inicialmente se transforma em algo bonito no final. Ahh e os figurinos! Me senti até diva recebendo meu vestido vermelho, com luvas brancas e acessórios prateados.
Figurino de Pretty Woman
O dia do espetáculo foi chegando e fiquei esperando meu nervosismo chegar também. Uma semana antes comecei a sentir a ansiedade, que era mais uma expectativa do que estava por vir do que desespero. Em alguns momentos eu pensava: “Que ideia foi essa? Onde me meti?”, mas não foi um sentimento que tomou conta de mim. Chegou o grande dia e, pela primeira vez, subi no palco para o ensaio geral. Notei um leve nervosismo chegando, minhas pernas um pouco trêmulas, mas ainda esperava por mais. Aquilo não chegava nem perto do desconforto que sinto quando vou falar em público. Em seguida, veio toda a preparação para o espetáculo, maquiagem, figurino, camarim, marcar coreografia. Tudo passou tão rápido, mas apreciei cada momento.
Espetáculo BFD 2021 - Coreografia Pretty Woman
Quando finalmente entrei no palco para me apresentar ainda esperava pelo auge do meu nervosismo, mas ele não passou do que senti no ensaio geral. As pernas ligeiramente mais trêmulas atrapalharam em alguns momentos, mas nada muito comprometedor, nada que fizesse minha mente exigente e perfeccionista se torturar por isso. Desci do palco leve e me sentindo vitoriosa. Foi “apenas” uma coreografia iniciante, mas vitoriosa sim, por ter passado os últimos meses conciliando trabalho, aulas, estudo e ensaios, por ter vencido a barreira de dançar em público, por ter amado cada etapa do processo, e por ter feito minha reverência ao fim da noite me sentindo em êxtase, alegre, bonita, emocionada e bailarina. Naquele momento eu sabia: esse foi só o primeiro.
Qual sua experiência no palco? Gosta, não gosta? Já participou de muitos espetáculos ou ainda não teve coragem de encarar o primeiro? Me conta nos comentários!

Dedico esse texto a minha amiga Hélyta, que está no dilema se vai encarar o palco em breve ou não.
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Às vezes me pego lamentando por não ter entrado no ballet mais cedo. Imagina se eu tivesse começado a dançar com 15 anos, quando tinha mais flexibilidade. Ou com 20 anos, quando tinha mais energia. Quanto eu poderia ter evoluído nesse tempo, quanto poderia ter vivenciado? Entrando no mundo do ballet após os 30 anos, sinto que estou “atrasada”. Não entendo da história do ballet, não acompanhei a evolução das sapatilhas de ponta da minha geração, não conheço o enredo e músicas de muitos dos grandes ballets de repertório.
Fico aflita porque queria saber mais e o tempo que tive de experiência ainda não me permitiram absorver o conhecimento que gostaria, e o tempo e disposição que tenho no dia a dia não me permitem “correr atrás do prejuízo” mais rapidamente. Para completar, vivencio algo parecido na minha vida profissional. Fiz uma transição de carreira para a programação e estou ainda começando na área, mesmo já tendo mais de 10 anos de formada.
Um dia desses me deparei com esse post no Instagram:
“Você não começou o ballet tarde. Você apenas o encontrou na hora certa, quando mais precisava dele.”
Parei para pensar que o momento que engrenei no ballet foi em fevereiro de 2020, menos de 2 meses antes de estourar a pandemia de COVID-19. No meio de março as aulas foram suspensas devido ao primeiro lockdown, em abril já estávamos fazendo aulas online e assim continuamos até agosto, quando pudemos retornar às salas de aula.
4 meses de ballet online ainda sendo tão verde na dança não foi uma coisa trivial para mim. Sem barra (usávamos uma cadeira), sem linóleo, sem espelhos e, principalmente, sem a colega da frente para copiar as sequências! Talvez em outra ocasião logo tivesse desistido, mas eu precisava tanto daquilo que continuei. As terças e quintas a noite eram o período que eu entrava numa bolha e esquecia de todos os problemas, meus e do mundo, que foram tão pesados naquelas circunstâncias.
Retorno às aulas presenciais em 2020
Pensando melhor, será que eu teria me envolvido tanto com o ballet se tivesse iniciado em outra situação? Será que teria persistido? Não há como saber. O que sei é que o ballet entrou na minha vida em um momento que de fato precisei e sou mais feliz por isso. Talvez eu nunca deixe de ter a sensação de que estou atrasada, mas procuro olhar para trás e ver o caminho que percorri, o quanto evoluí nos últimos anos e, acima de tudo, ser grata por ter me encontrado nesse mundo.
Em que momento da vida o ballet te encontrou? Me conta nos comentários!
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Engenheira de formação, programadora de profissão, bailarina de coração. Sempre gostei de escrever. Encontrei no ballet não apenas um retiro para minha alma, mas também uma motivação para escrever e dividir minhas vivências, conquistas e dificuldades na dança.

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