Anatomia para bailarinos

“O que uma programadora foi fazer em um curso de anatomia?”
Poderia ser o início de uma piada, mas essa fui eu, no Festival de Dança de Joinville. Quem tem contato mais próximo comigo sabe que, desde que comecei a dançar, cada dia dou um passo a mais em direção à imersão nesse mundo. Tenho muita curiosidade em aprender coisas que possam me ajudar a evoluir no ballet ou prevenir lesões (pois parece que elas me perseguem). Mas nunca imaginei que um dia eu, que nunca sequer gostei de biologia, faria um curso de anatomia por livre e espontânea vontade.
Quando foi divulgada a programação acadêmica do festival, verifiquei tudo que estava sendo oferecido, embora minha intenção fosse a mesma dos anos anteriores: aulas práticas de ballet adulto iniciante. Porém, quando meu olho bateu no nome Andreja Picon, sabia que tinha que fazer um dos cursos ministrados por ela. Eu já conhecia esse nome de referências de pesquisa e conhecimento no ballet, como poderia deixar passar uma oportunidade dessa? Me interessei pelos 3 cursos disponíveis, mas acabei me inscrevendo no de Anatomia Funcional para Bailarinos e Professores, pois achei que daria uma visão mais geral do corpo humano.
Cá para nós, depois de me inscrever a única coisa que eu pensava era “não acredito que vou fazer um curso de anatomia”. Cada dia me pego fazendo coisas que eu não imaginava por causa do ballet… Mas por que não? E quer saber de uma coisa? Ainda achei pouco apenas uma semana de curso para tudo que Andreja tem a oferecer.
Andreja Picon e seu auxiliar, Leo
No primeiro dia de aula passei por um pequeno perrengue. Meu voo chegou em Joinville às 8:25h e a aula começaria às 10:30h, no auditório da Casa da Cultura. Como o hotel que nos hospedamos fica a apenas 1km de lá, achei razoável fazer check-in e deixar a bagagem no hotel antes de ir para a aula, tinha tempo suficiente. O que eu sabia que não daria tempo, mesmo se fosse direto do aeroporto para o curso, seria enfrentar a fila para fazer meu credenciamento, que nos primeiros dias fica sempre quilométrica! Confiei que era o primeiro dia de festival e que muitas pessoas estão com o horário apertado com a chegada dos voos e, por isso, geralmente é liberado fazer aulas ainda sem o crachá de participante.
Eis que chego na Casa da Cultura, dou meu nome para a pessoa que estava verificando a entrada, ela confirma que meu nome está na lista de inscritos e diz que não posso entrar sem o crachá. Ainda tentei negociar, expliquei sobre o horário do voo, a fila quilométrica, mas ela disse que foi liberado apenas para os cursos das 8h. Sem querer perder mais tempo, fui correndo no Centreventos, a 400m de onde eu estava, numa leve chuva, para fazer o credenciamento do festival e pegar meu crachá de acesso aos eventos e aulas.
Como eu tinha previsto, a fila estava enorme! Mas nem pensei duas vezes, passei na frente de todo mundo e perguntei para a coordenadora se seria possível adiantar meu credenciamento pois minha aula começaria em 10 minutos e fui barrada na entrada. Ela me olhou surpresa e respondeu:
“E não deixaram você entrar??”
Fala sério! Ainda bem que ela foi compreensiva e saí de lá rapidinho com o bendito crachá, ainda passei no caminho para comprar um café pois tinha passado a noite em claro viajando, corri mais um pouco e cheguei na sala com apenas 5 minutos de atraso, sem maiores prejuízos pois a professora ainda estava esperando um pouco para o resto da turma chegar - "certamente outras pessoas que passaram pela mesma situação que eu", pensei.
Após apresentações no início da aula, me senti um pouco deslocada notando que praticamente toda a turma era composta por professoras de ballet e pessoas que já tem algum conhecimento maior na área. Dividi minha preocupação com a professora e ela me tranquilizou, garantindo que esse curso era sim para mim, uma aluna adulta que quer entender melhor seu corpo e movimentos. Por falar nela, Andreja é simplesmente incrível! Ela fez as aulas de anatomia serem interessantes e até divertidas, com seu jeito super leve e descontraído, mostrando muito domínio do que falava e explorando as aplicações e consequências na dança, que faz tudo se tornar mais atrativo. Nos deixou à vontade para falar, questionar, discordar, sempre com muita paciência e moldando as aulas às necessidades da turma. O tempo passou voando e quando percebi já estava no último dia de aulas.
Eu e Andreja
No fim das contas, me lamentei por não ter feito mais de um curso com ela, vai ficar para uma próxima oportunidade. De qualquer forma, fico feliz porque pude usufruir de mais uma experiência que o festival tem a oferecer: um curso teórico com uma professora e pesquisadora renomada no meio da dança. Qual será a próxima experiência inusitada? Joinville 2025 que me aguarde!
Quais cursos você já fez no festival? Já se pegou experimentando algo que nunca imaginou?

1 comentário

  1. Obrigada pelo carinho, querida! Que possamos estar juntas mais vezes. Conhecimento é liberdade! Um abraço bem apertado!

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