Depois que entrei no BFD, em 2020, passamos quase dois anos sem espetáculos devido à pandemia. Minha primeira oportunidade de participar de um foi no encerramento de 2021, que teve como tema “Encontro de Gerações”. Lembro que minha professora Déborah convidou todos da turma de adulto para dançar, mas a maioria das pessoas não desejava participar do espetáculo. Eu já tinha abandonado as aulas de dança duas vezes “fugindo” dessa movimentação, mas dessa vez algo estava diferente em mim. Surgiu a curiosidade de saber como me sentiria no palco, mas ao mesmo tempo me dava uma aflição ao pensar em me apresentar em público, ainda me sentindo tão verde para isso.
Claro que já passei por situações de “exposição” antes disso. Na minha infância, participava de competições de ginástica artística, que me deixavam um pouco nervosa, mas não muito. Também participei de um grupo de teatro no curso de inglês, onde tive algum contato com apresentações em palco, mas mal lembro como me sentia nas ocasiões. Na vida adulta, passei pelas eventuais necessidades de apresentar trabalhos e projetos em público, que é algo bem desconfortável para mim, falar em público não é algo que escolho fazer. Eu pensava em todas essas experiências passadas e me perguntava como seria dançar em frente a uma plateia.
Lembro como se fosse ontem, chamando Déborah no cantinho da sala após a aula e dividindo como me sentia. Ela, como sempre muito empática, não me pressionou a participar, mas me mostrou que eu só ia saber como seria experimentando. Ela garantiu que com meses de ensaios eu me sentiria mais confortável e segura, e me deu confiança de que tinha condições de acompanhar o grupo.
No espetáculo teriam duas coreografias para as turmas de adulto/iniciante, mas escolhi dançar apenas uma delas por precaução, Pretty Woman. Para complicar minha situação, quando começaram os ensaios eu estava fazendo um curso a noite que coincidia os horários e quase não conseguia ensaiar com o grupo todo. Mas fiz meu dever de casa, estudava todos os vídeos que mandavam, praticava quando e onde podia, sabia toda a coreografia. Na reta final, consegui me juntar mais vezes ao grupo e realmente me sentia cada dia mais segura. Apesar de não ter conseguido imergir tanto nos ensaios, curti bastante o processo. Acompanhar a criação e evolução das coreografias, o progresso de cada bailarina nelas e perceber que uma coreografia que parece desordenada inicialmente se transforma em algo bonito no final. Ahh e os figurinos! Me senti até diva recebendo meu vestido vermelho, com luvas brancas e acessórios prateados.
Figurino de Pretty Woman
O dia do espetáculo foi chegando e fiquei esperando meu nervosismo chegar também. Uma semana antes comecei a sentir a ansiedade, que era mais uma expectativa do que estava por vir do que desespero. Em alguns momentos eu pensava: “Que ideia foi essa? Onde me meti?”, mas não foi um sentimento que tomou conta de mim. Chegou o grande dia e, pela primeira vez, subi no palco para o ensaio geral. Notei um leve nervosismo chegando, minhas pernas um pouco trêmulas, mas ainda esperava por mais. Aquilo não chegava nem perto do desconforto que sinto quando vou falar em público. Em seguida, veio toda a preparação para o espetáculo, maquiagem, figurino, camarim, marcar coreografia. Tudo passou tão rápido, mas apreciei cada momento.
Espetáculo BFD 2021 - Coreografia Pretty Woman
Quando finalmente entrei no palco para me apresentar ainda esperava pelo auge do meu nervosismo, mas ele não passou do que senti no ensaio geral. As pernas ligeiramente mais trêmulas atrapalharam em alguns momentos, mas nada muito comprometedor, nada que fizesse minha mente exigente e perfeccionista se torturar por isso. Desci do palco leve e me sentindo vitoriosa. Foi “apenas” uma coreografia iniciante, mas vitoriosa sim, por ter passado os últimos meses conciliando trabalho, aulas, estudo e ensaios, por ter vencido a barreira de dançar em público, por ter amado cada etapa do processo, e por ter feito minha reverência ao fim da noite me sentindo em êxtase, alegre, bonita, emocionada e bailarina. Naquele momento eu sabia: esse foi só o primeiro.
Qual sua experiência no palco? Gosta, não gosta? Já participou de muitos espetáculos ou ainda não teve coragem de encarar o primeiro? Me conta nos comentários!
Dedico esse texto a minha amiga Hélyta, que está no dilema se vai encarar o palco em breve ou não.