Às vezes me pego lamentando por não ter entrado no ballet mais cedo. Imagina se eu tivesse começado a dançar com 15 anos, quando tinha mais flexibilidade. Ou com 20 anos, quando tinha mais energia. Quanto eu poderia ter evoluído nesse tempo, quanto poderia ter vivenciado? Entrando no mundo do ballet após os 30 anos, sinto que estou “atrasada”. Não entendo da história do ballet, não acompanhei a evolução das sapatilhas de ponta da minha geração, não conheço o enredo e músicas de muitos dos grandes ballets de repertório.
Fico aflita porque queria saber mais e o tempo que tive de experiência ainda não me permitiram absorver o conhecimento que gostaria, e o tempo e disposição que tenho no dia a dia não me permitem “correr atrás do prejuízo” mais rapidamente. Para completar, vivencio algo parecido na minha vida profissional. Fiz uma transição de carreira para a programação e estou ainda começando na área, mesmo já tendo mais de 10 anos de formada.
Um dia desses me deparei com esse post no Instagram:
“Você não começou o ballet tarde. Você apenas o encontrou na hora certa, quando mais precisava dele.”
Parei para pensar que o momento que engrenei no ballet foi em fevereiro de 2020, menos de 2 meses antes de estourar a pandemia de COVID-19. No meio de março as aulas foram suspensas devido ao primeiro lockdown, em abril já estávamos fazendo aulas online e assim continuamos até agosto, quando pudemos retornar às salas de aula.
4 meses de ballet online ainda sendo tão verde na dança não foi uma coisa trivial para mim. Sem barra (usávamos uma cadeira), sem linóleo, sem espelhos e, principalmente, sem a colega da frente para copiar as sequências! Talvez em outra ocasião logo tivesse desistido, mas eu precisava tanto daquilo que continuei. As terças e quintas a noite eram o período que eu entrava numa bolha e esquecia de todos os problemas, meus e do mundo, que foram tão pesados naquelas circunstâncias.
Retorno às aulas presenciais em 2020
Pensando melhor, será que eu teria me envolvido tanto com o ballet se tivesse iniciado em outra situação? Será que teria persistido? Não há como saber. O que sei é que o ballet entrou na minha vida em um momento que de fato precisei e sou mais feliz por isso. Talvez eu nunca deixe de ter a sensação de que estou atrasada, mas procuro olhar para trás e ver o caminho que percorri, o quanto evoluí nos últimos anos e, acima de tudo, ser grata por ter me encontrado nesse mundo.
Em que momento da vida o ballet te encontrou? Me conta nos comentários!